A vez que eu levei o Facebook no Procon por causa de 100,00
Todos os meus shows são anunciados via Facebook. A plataforma de anúncios é simples, e os próprios usuários fazem seus anúncios, que são pagos via cartão de crédito ou pré-pagos via boleto bancário. Como eu não tenho cartão de crédito, eu pago o boleto, o saldo cai e eu faço os anúncios.
Em 2016 eu precisava anunciar um show em Belo Horizonte e paguei via aplicativo bancário um boleto de R$ 100,00. Eram épocas de vacas magras, a verba de anúncio daquele tempo era bem pequena. Não sei o que aconteceu, mas o saldo não caiu na minha conta de anúncios.
Liguei no suporte ao anunciante do Facebook e informei que o saldo não tinha caído. A moça disse que para me ajudar precisava do comprovante de pagamento e o boleto original. O comprovante eu tinha, o boleto não, pois quando paguei eu apenas copiei os números do boleto que estava na tela, não salvei, e agora já não era mais possível acessar esse boleto, pois o próprio sistema do Facebook informava que ele já estava expirado.
A moça disse mais uma vez que pra me ajudar, só se eu tivesse o comprovante e o boleto. Eu disse que era impossível, o boleto já estava expirado. Então a moça concluiu dizendo que não podia me ajudar.
– UAI, E EU VOU FICAR SEM MEUS CEM REAL?
Ela disse que não podia fazer nada, aí eu disse a frase nº 1 do consumidor pobre quando se sente lesado:
– POIS EU VOU PROCURAR OS MEUS DIREITOS! VOU NO PROCON.
E lá fui eu pro Procon, lugar onde o pobre tem vez, lugar onde o pobre encontra amparo diante dos abusos das grandes empresas. Levei impressos o comprovante de pagamento e os e-mails da atendente do Facebook confirmando que, para me ajudar, só com boleto original. O Procon disse que não tinha nada a ver essa história e que eu não era obrigado a ter o boleto, só o comprovante bastava.
Eles protocolaram a representação contra o Facebook, disseram que se o Facebook não tomasse uma providência em até 15 dias, seriam chamados para uma audiência. A essa altura eu já tava torcendo pro caso não ter solução nenhuma, já que seria muito chique eu encarar o Facebook nos tribunais. Sonhava com o Zuckerberg (dono do Facebook que consta na foto) frente a frente comigo me pedindo desculpas e eu dizendo “Quero meus cem real mais não. Quero o Facebook fora do ar 24h”. Era um sonho impossível, mas deixa o pobre sonhar.
Saí do Procon com o tanque cheio de razão e, certamente, eu usaria essa razão pra responder ao desaforo do Facebook. Enviei e-mail para a moça que me atendeu dizendo que já tinha ido ao Procon, conforme prometido. A moça respondeu dizendo “Você está certo de procurar seus direitos, mas realmente não há nada que a gente possa fazer”. E eu pensei: não há nada não, né? Deixocê… (em português: deixa você).
Resultado: a moça disse que não havia nada que podia fazer, mas em 24 horas os 100,00 já estavam disponíveis na minha conta.
E foi assim que o Facebook arregou de me encarar nos tribunais, deu meus 100,00 caladinho e fugiu chorando. Foi assim que um pobre comediante de 50kg venceu uma das empresas mais poderosas do mundo.
Espero que você esteja aplaudindo agora, porque minha vitória merece!
Procurem seus direitos. O Procon é nosso amiguinho.