Stevan Gaipo

Sobre mim

Stevan Stavrakas Gaipo, mais conhecido como Stevan Gaipo (Oliveira, 22 de julho de 1995), é um comediante stand up. Faz comédia stand up desde os 15 anos de idade, tendo se tornado comediante profissional aos 22.

Resumo

  • Nome: Stevan Stavrakas Gaipo
  • Nascimento: 22/07/1995 (25 anos)
  • Cidade natal: Oliveira-MG
  • Graduação: Marketing
  • Pós-graduação: Marketing Digital, Ciências Humanas (cursando)

Prêmios e Títulos

  • Comediante mais bonito de Minas Gerais (2020)
  • Campeonato de futebol Interclasses do Colégio Apogeu (2012)

Elenco campeão do Interclassão 2012. Em pé: Álvaro, Caíque, Stevan. Agachados: Wilson, Bolivar.

Passado esse começo de biografia estilo Wikipedia, agora vou contar minha história em primeira pessoa:

Fui criado na cidade de Oliveira, do centro-oeste mineiro, pacato município de interior, com apenas 40 mil habitantes. Filho de um policial civil e de uma costureira, tenho uma irmã e dois irmãos, todos mais novos que eu.

Vista parcial de Oliveira. Foto de Nayanne Marinho (@olharesoliveira).

Um dos símbolos de Oliveira e de boa parte das cidades mineiras, a igreja matriz. Foto de Nayanne Marinho (@olharesoliveira).

Morei em Oliveira até os 18 anos, quando concluí o ensino médio e então me mudei para Belo Horizonte. Trabalhando desde os 13 anos, ainda na adolescência atuei em várias profissões concomitantemente. Fui sonorizador de eventos, garçom, galinha pintadinha de festa infantil e Patati & Patatá (no caso eu era só o Patati, o Thiago Martins é que era o Patatá) de porta de loja.

A profissão principal era a de garçom, trabalhava todos os finais de semana na pizzaria “Pizza Grill”. Tenho muitas saudades de todos lá! Os patrões Evandro e Christina, os colegas Salsicha (de cenas memoráveis e piadas horríveis), Vô Romeu, Pedrão, Noronha, Nenel (que me enchia o raio do saco quando via que eu estava com sono), Gilberto (que era mais azedo que limão), Foguinho (gente boa e muito chato ao mesmo tempo), Caçula (primo do Foguinho, era mais gente boa e menos chato), Gaúcho 1 (o churrasqueiro de sotaque legitimamente Gaúcho, colorado fanático e que quase saía no tapa com Salsicha quando o assunto era futebol), Gaúcho II (substituto do Gaúcho I, também oriundo do Rio Grande do Sul, figura mais pacata que o outro gaúcho e notoriamente marcado por seu bigodão branco), entre muitos outros.

Comecei a trabalhar lá aos 13 anos, em 2009, época que o Michael Jackson morreu e que o Cruzeiro perdeu a final da Libertadores. Hoje eu tenho saudades do Pizza Grill, mas na época eu não gostava nadinha de ser garçom. Era muito sofrido. Eu estudava de manhã e trabalhava nos finais de semana a noite, então eu ficava com sono, além de ser cansativo fisicamente. No geral eu não gostava da profissão, mas trabalhar era uma opção minha, a chance de conquistar o que meus pais não tinham condições de me dar. Foi um período de lições valiosíssimas e convivência com gente comum da melhor qualidade.

Eu adorava a segunda-feira, que era o dia mais longe do dia de trabalhar, e detestava a sexta, pois nesse (e no sábado e no domingo) eu trabalhava. Tem ideia de quão errada está a vida de uma pessoa que ama a segunda e odeia a sexta? Toda sexta-feira eu pensava “eu não quero ir”, mas eu tinha que pagar as prestações de um notebook que eu tinha comprado para estudar e fazer minhas coisas, então eu ia. Foi nessa época que eu decidi que ia me esforçar ao máximo para viver de uma profissão que eu gostasse, decisão essa que foi crucial quando, anos depois, eu decidi focar minha vida na comédia, que é minha paixão.

O contato com o teatro

Foi na Escola Municipal Walfrido Silvino dos Mares Guia, onde estudei da quinta à oitava série, que tive meu primeiro contato com um professor de teatro, já que a escola continha essa disciplina. Guardo o tio Plínio, como eu o apelidei, com enorme carinho. Nas primeiras aulas ele fez alguns jogos de improviso teatral com a turma, e eu achei o teatro fantástico e muito prazeroso.

A partir desse contato, crucial na minha vida, participei de alguns grupos de teatro de Oliveira, o palco me dava imenso prazer. Acabei formando com outros 4 amigos um espetáculo chamado “Comédia de Quinta”, que mesclava esquetes e stand up comedy. Foi nesse espetáculo que, aos 15 anos de idade, fiz stand up pela primeira vez, e senti ainda mais prazer no stand up que no teatro. Decidi focar nisso.

A comédia stand up

Foram 2 anos seguidos fazendo o Comédia de Quinta. Eram duas temporadas por ano, com 4 apresentações cada temporada, sempre às quintas. Meu nível de comédia era muito amador na época, mas ali eu aprendi muito sobre o que funcionava e o que não funcionava no palco.

Apresentação do Comédia de Quinta ocorrida na Casa da Cultura Carlos Chagas, ano de 2015.

Dança de abertura do espetáculo Comédia de Quinta durante apresentação em Cláudio-MG.

Aos 18 anos me mudei para Belo Horizonte a fim de cursar faculdade de Marketing. Na faculdade, sempre que havia um microfone disponível, eu pedia para fazer um pedacinho de stand up. Tinha uma feira, eu pedia. Tinha uma palestra, pedia pra abrir com stand up. Com isso um colega me viu e sugeriu a uma amiga dele, dona de um bar, que me colocasse no elenco de um show que aconteceria lá, show esse que trazia ninguém mais ninguém menos que Thiago Carmona, Bruno Costoli e Léo de Castro.

O Carmona

Thiago Carmona me servindo de pedestal durante apresentação em 2016.

Eu ainda era um menino do interior quando o Thiago Carmona se tornou meu ídolo. Eu o assisti pela TV no programa do Faustão e da Ana Hickmann, e ficava impressionado com o jeito marcante e penetrante que ele fazia stand up. Ao meu ver, o maior segredo para o Carmona ter sucesso a tanto tempo é que quem o assiste uma vez, nunca mais esquece dele, da cara dele, do nome dele, do texto dele.

Quando o colega de faculdade me disse que tinha conseguido uma oportunidade pra eu me apresentar ao lado desse brilhante comediante, eu fiquei muito feliz. Lembro direitinho da sensação que eu tive quando o vi entrar no bar onde seria o show. “Caramba, é o Carmona!”.

Eu tava tão sem graça de falar com ele que fingi que tava falando no telefone e fui pra perto dele, depois fingi que encerrei a chamada e puxei assunto. Lembro que no começo eu pensava “caramba, tô conversando com o Carmona”.

De início eu me apresentei com o Carmona contra a vontade dele, afinal a dona da lanchonete que quis assim, mas depois o homem gostou do meu texto e foi deixando eu voltar todo mês. No total fiquei 1 ano e meio me apresentando mensalmente com ele e outros convidados importantes nesse projeto. Foi lá, na Lanchonete do Clode, que eu dividi palco com outros ídolos como Kaquinho Big Dog e Geraldo Magela (o ceguinho).

Carmona e eu falamos de maneira muito bem humorada sobre termos nos conhecido contra a vontade dele:

Com o Carmona eu aprendi muito sobre comédia, evoluí, pude me tornar amigo do meu ídolo, até chegar ao ponto de dividir com ele o sofá do The Noite.

O Paulo Araújo

Minha vida se divide em a.P., d.P (antes do Paulo, depois do Paulo). O Paulo hoje ocupa na minha vida os cargos de amigo, irmão, pai, produtor, roteirista, designer gráfico e conselheiro. Nenhum projeto meu acontece sem passar pela mão do Paulo, nem que seja para que ele critique e eu ignore, mas tem que passar por ele.

Vários projetos meus foram ideia do Paulo, como o Bike Velha e o Perrengue Show, e todo solo de stand up meu sempre tem piadas que ele escreveu para contribuir. Inclusive o slogan que estampa a primeira página desse site “melhor comediante stand up do Brasil na categoria até 50kg”, é uma criação dele, a fim de ter uma piada boa para me chamar no palco.

O Paulo diz que ele é o Rivaldo e eu sou o Ronaldo, ele fica ali no meio campo, mastigando a bola, articulando, pra tocar pra mim e eu brilhar. O fato é que eu não sei viver sem o Paulo, sem as opiniões dele, as ideias, as ponderações, sem as nossas brigas (a gente briga dia sim, dia não, mas logo depois da briga já estamos de boa conversando normalmente), sem as intermináveis conversas sobre assuntos fúteis.

O Paulo perto de mim é um termômetro importantíssimo, já que ele é o maior crítico do meu trabalho. Pra começo de conversa, ele não gosta desses vídeos que eu faço estilo selfie (como o vídeo do Graal, do aeroporto, do reboque e etc) pois diz que são muito chatos. Eu gosto, o público também, mas eu valorizo muito ter por perto a presença de alguém que não gosta, porque assim eu consigo sempre manter contato com a realidade e ouvir uma opinião contrária.

Já quando ele elogia um trabalho meu, sabendo do profundo conhecimento em comédia que ele tem e do nível de exigência que ele estabelece pra mim, eu fico bastante satisfeito.

O Paulo torna minha vida mais fácil, por ter ele sempre a postos ali para ajudar nos projetos. Ele é um cara inteligentíssimo (apesar de também ser burro e ignorante) e é a melhor mão de obra gratuita que eu poderia ter.

Obrigado, Paulin.

O começo da carreira profissional

Em 2015 eu publiquei um vídeo gravado de maneira muito simples: durante uma pequena participação em um show, apoiei o celular em uma garrafa de água mineral sobre a mesa, subi no palco e fiz as minhas primeiras piadas sobre a Drogaria Araujo, uma famosa rede de farmácias de Belo Horizonte.

Publiquei o vídeo na internet e decidi usar meus conhecimentos de marketing digital para fazê-lo chegar ao lugar certo. Acessei a plataforma de anúncios do Facebook e criei um anúncio para que esse vídeo fosse exibido para funcionários da Drogaria Araujo (hoje essa segmentação não é mais possível). Investi 8,00 que eu tinha disponíveis na plataforma nesse anúncio.

Aos poucos o vídeo foi sendo mostrado para funcionários da Araujo, que amaram o vídeo, começaram a compartilhar entre si. Poucos dias depois o telefone tocou. Eu estava no trabalho, ainda trabalhava na agência de marketing digital, e quando atendi ouvi a frase que jamais esquecerei: “Aqui é José Olavo, da Drogaria Araujo”. Se tem uma pessoa que teve papel central e decisivo para que eu me tornasse um comediante profissional, esse alguém foi José Olavo, gerente de negócios corporativos da Drogaria Araujo. O Olavo me contratou para alguns shows para funcionários da Araujo e de empresas parceiras, de modos que pude apurar uma boa grana. Nessa mesma época fui demitido da agência, e juntando o acerto da demissão e os cachês que vinha recebendo da Araujo, resolvi investir tudo na carreira profissional.

Olavo e eu temos uma relação profissional interessante: nunca fizemos 1 contrato sequer, é tudo combinado por e-mail (hoje em dia é por Whatsapp mesmo), eu faço o show e ele me paga. De uns tempos pra cá ele nem pergunta mais quanto eu vou cobrar, primeiro eu faço, depois a gente vê. E sempre deu tudo certo.

Porém nem tudo foram flores no começo da minha vida de comediante profissional. Na verdade quase nada foi flor. Não entrou tanto dinheiro assim quanto eu precisava para manter os investimentos que vinha fazendo na carreira, e eu fali algumas vezes no começo do processo.

 

O começo do sucesso

Foi um vídeo da Araujo que, lá em 2015, deu o pontapé na minha carreira profissional. Foi outro vídeo da Araujo, dessa vez no começo de 2018, que deu início ao meu sucesso e potencializou a minha carreira.

O interessante é que esse vídeo foi gravado em um show que eu nem ia fazer. Eu fui ao finado Paradise Comedy Bar naquele dia só pra assistir ao show, e o Everton Lima, meu amigo comediante e dono do bar, perguntou se eu queria fazer alguns minutos, pois teria cinegrafista filmando o show.

Decidi fazer um set com todas as piadas de Drogaria Araujo que eu tinha escrito nos últimos 4 anos, terminando na “Música que a Drogaria Araujo cantaria para seus concorrentes”, que ao meu ver é uma das coisas mais geniais que eu já fiz.

O show foi porrada, a plateia, que estava em um clima incrível, riu muito das piadas. Quando eu desci do palco pensei “esse vídeo vai estourar”.

Publiquei o vídeo com essas duas tarjas em cima e embaixo justamente para afixar rápido a atenção do telespectador, e tive ajuda dos meus amigos comediantes que fizeram uma força tarefa para, nos primeiros minutos após a postagem, compartilhar o vídeo em suas próprias páginas.

O vídeo foi caminhando em excelente ritmo, sendo muito visto, muito curtido, muito compartilhado e atraindo seguidores para a página. No dia seguinte eu recebi a notícia de pessoas próximas de que o vídeo estava rodando no Whatsapp, o que é um excelente indicativo de sucesso.

Esse vídeo teve um papel importantíssimo na evolução da minha carreira, pois me conferiu um importante sucesso regional. Pelo fato de a Araujo ser muito famosa na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Stand Up sobre ela fez um sucesso bastante concentrado justamente nessa região, me alicerçando no lugar em que eu moro e faço a maioria dos meus shows.

Para a minha felicidade, diversas pessoas começaram a mostrar esse vídeo justamente para o diretor de marketing da Drogaria Araujo, André Giffoni. Foi aí que eu recebi outra ligação da qual jamais esquecerei: “Vem aqui em uma reunião com a gente porque eu não aguento mais gente me mostrando seu vídeo”.

Foi aí que fechei uma boa parceria de publicidade com a Araujo, com direito a patrocínio deles para a minha turnê daquele ano. Turnê que não existia, mas eu criei um show solo justamente para poder pedir o patrocínio a eles. As vezes tem que ser ousado na vida.

Os shows em Belo Horizonte passaram a ter mais público, e eu havia firmado o meu trabalho na capital do meu estado.

A projeção para além de Minas Gerais

Depois de fazer sucesso regional com o vídeo da Drogaria Araujo publicado em janeiro de 2018, eu não consegui manter a boa fase da minha página no Facebook, muito pelo fato de eu ainda não ter uma linha de conteúdo a mostrar para as pessoas. Lá pro final do ano minha página estava morta, o engajamento das coisas que eu postava era pequeno.

Certo dia peguei um ônibus errado, ao invés de embarcar no parador, embarquei por engano no ônibus direto. Fiquei indignado com a minha lerdeza, e ainda dentro do ônibus, para amenizar o desgosto, fui pensando em piadas para retratar o momento.

Na estação do ônibus mesmo gravei um vídeo contando o meu vacilo e a tensão vivida, de um jeito cômico, bastante exagerado nas emoções, que é meu jeito de contar histórias na vida mesmo. Eu esperava que esse vídeo tivesse, se muito, 200 likes. Fato é que fui surpreendido, o vídeo começou a subir, subir, atingindo quase 1 milhão de views e atraindo milhares seguidores para a página.

Ali eu descobri um formato que gostava de fazer, que era um vídeo gravado no local do fato, sem edição, contando a história em uma sequência única. Decidi investir nisso.

Na sequência gravei um vídeo no aeroporto, que fez ainda mais sucesso que o anterior e passou a rodar também no Whatsapp. Foi aí que eu tive a ideia de colocar as minhas redes sociais embaixo do vídeo, porque assim independentemente de onde ele rodasse, levaria meu nome.

Afiado com o novo formato, em 3 meses publiquei 50 vídeos. Em menos de 1 ano a página tinha ultrapassado 1 milhão de seguidores, arrastando pra cima também o Instagram e o Youtube. Nesse formato eu consegui me soltar, ser 100% eu e retratar de maneira leve a minha realidade, que é também a de todas as pessoas da minha classe social. Os teatros começaram de fato a lotar, mesmo os teatros grandes. As pessoas cada vez mais me reconheciam na rua, pediam fotos, o que no começo era estranho, mas com o tempo me acostumei.

(página sendo atualizada)